sexta-feira, fevereiro 01, 2008

is this desire?

nem sei por onde começar pra dizer que terminou. esse blog foi durante quase 5 anos uma tentativa de contar minhas coisas, de tira-las das agendas que ficavam para trás. uma sobrevida foi dada aos meus textos graças a internet.
hoje decidi partir pra outro caminho, muito dos amores pra quem escrevi, das sensações que tive ficaram para trás. reler tudo isso me faz perceber que mudei demais pra continuar aqui.

resolvi respeitar o passado distante e não rasura-lo com minhas pequenas novidades urgentes.

ainda restou a falta de tato com a sensação de partida. buscar outras alternativas ainda me parece tão dificil quanto escolher qual cor de havaiana comprar. mesmo assim está na hora de baixar as portas e esperar a proxima leva de palavras.

terça-feira, dezembro 04, 2007


the photographer



relembrar a minha infancia me fez entender o gosto por detalhes.

a água que vai aos poucos ocupando a trilha de cicatrizes no chão, o cachorro sentado que mastiga o ar, pessoas sozinhas numa espera pelo nada.
crescer me fez ver mais coisas, jeito de enxerga-las insiste em ser o mesmo. construções imagéticas aparecem em dezenas quando nao as procuro, fogem a cavalo quando as mais quero.
vejo que a sincronia com outra época deixa-me fotografar melhor

e o descompromisso faz com que eu estivesse 16 anos mais novo.

terça-feira, novembro 27, 2007

traduções

desejar - ato ou efeito de andar na corda bamba pronto pra beijar o chão.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Fotografias mostram outro lado de Salvador

Fonte: A TARDE On Line

Será aberta neste domingo, no Espaço Castro Alves (Livraria Saraiva do Salvador Shopping), a mostra "Salvador: novos olhares, outras imagens", com oito fotografias do publicitário Tiago Lima. As outras oito fotos da mostra são de autoria de alunos de um projeto da ong Cipó - Comunicação Interativa. Os fotógrafos buscaram registrar imagens de Salvador que normalmente passam despercebidas na rotina da cidade.

A mostra é resultado de um projeto de conclusão de curso das Relações Públicas Júlia Dourado, Jéssica Bittencourt e Mariela Gois, e fica em cartaz até 5 de novembro. A visitação é gratuita.

quinta-feira, setembro 27, 2007

é

são pilhas de filmes, são paulo, são momentos contados no dedo, são 36 poses iguais, ladeira de são bento, são doze desejos, são bagagens de silêncio, são gritos bem altos, são crianças cantando pra são cosme damião, são demonios aqui dentro, são lugares que nunca fui, são bilhetes aéreos esquecidos, são colchas limpas, são pernas abertas, são dias azuis, são horas mortas, são vinte cigarros, são amigos esperando na rua, são carros parados, são cachorros latindo na procissão, são barcos dançando, são onibus lotados, são luas apaixonadas, são caminhos cruzados, são cheiros, são saudades, são voltas, são salvador.

segunda-feira, setembro 10, 2007

"quem vem lá, distante, sem nada na cabeça?
sou eu
mastigando uma foto, contando os dias, lendo a própria mão.
sou eu"
(ronei jorge)

domingo, junho 24, 2007

"I know you miss
the way I saw you."

sexta-feira, abril 27, 2007

notas de viagem

Abri os olhos e eles não demoraram muito para se esbarrar na sua vaca branca que marca 11 horas da manhã. Ela, sem muito esforço, disse que era hora de levantar. Mas somente o diabo sabe o quanto eu já me acostumei em ouvir sua voz antes de por os pés no chão e encarar o dia. Um ritual recente, mas com regras antigas, meu hinário repetido nas páginas invisíveis folheadas toda manhã.

A cama me afunda um pouco mais, o lençol descansa sem nenhuma parte presa e minha saudade começa a ganhar forma: você esticaria o pano enquanto diz que precisa de um colchão novo. Com os pés quase fora da cama descubro seis manchas vermelhas bem visíveis no pé direito, contaria quantas você tem enquanto seu instinto tentaria assassinar todos os bichos que querem nosso sangue. Acho que esse virou um lado agressivo que eu enlouqueço de rir enquanto acontece.

Em pé no quarto, ganho tempo a lembrar dos seus olhos quando se fecham e seus dentes viram lâminas ao encontrar minha carne. Acontece tudo no escuro, eu me esforço pra reparar tudo como um amante que rouba sensações, gritos e prazer à meia noite. Por um momento me vem à mente o contorno do seu corpo, o gosto que fica nos meus lábios depois que resta somente respiração ofegante no ar. A luz que entra do banheiro faz sua pele ficar dourada e meu coração mais quente. Éramos enfim verão.


Não demora muito para que a casa em silencio me traga você de volta, possuída pelo sorriso, livre. Ali na cozinha com o café na xícara e de pernas bem cruzadas, ao redor da mesa procurando sua bolsa, riscando um desenho de flor enquanto conversa no telefone, no abrir e fechar do guarda-roupas, louca atrás daquele vestido verde.

Parece que a casa arruma brincadeiras de escrever recados em todos os lugares. Os moveis conversam entre si desconfiados, os cachorros se deitam quase sempre perto dos lugares onde você esteve. As plantas se enrolam nas barras de ferro só porque você pediu. Enfim, o que há agora tem de ver com a falta, e eu sinto que ela é a única a dizer "presente".

Mas tudo isso me serve, pois cada vez que nos separamos eu recaio a pensar o quanto sua presença tem me puxado pra fora de mim e que tive amor e ele se confundia com você, agora, nesse momento. Por mais que haja aquela dor fina escondida em cada briga e na cara feia, eu vivo em saber que tudo tem saída com beijos que você guarda nos lábios, repetindo aquele meu gesto de quem sela a boca porque tem desejos demais.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007




segunda-feira, janeiro 22, 2007

"eu acordei claridade"

Desafio complicado de nao deixar as coisas boas sairem andando, sozinhas, nesse sol quente que faz lá fora, sem havaianas brancas pra proteger.
A gente fica querendo ser nuvem, estar no azul, ficar grande, fofa e pesada pra esconder tanto raio amarelo que desce la de cima. Descobrir o tamanho exato da altura pra se fazer a sombra que acolhe, que livra do calor.
Uma preocupação com o suor que desde a têmpora já incomoda, é a vontade de acreditar em signos de novo, só porque aquário é ar e esse mesmo ar seca a gota, na frente do ventilador, lá no alto da serra.

Quando o momento decidir pelo fim, eu quero estar desavisado, me preocupar em continuar, num ar novo, como se fosse a primeira vez.

terça-feira, janeiro 16, 2007

o coração já acalmou, agora é hora de contar

que em dezesseis dias eu já vivi tanto pra quem achou 2007 pequeno demais.

quinta-feira, novembro 30, 2006

"eu era um sujeito então perseguido pela saudade. sempre fora, e não sabia como me desligar da saudade e viver tranqüilamente.
ainda não aprendi. e desconfio que não aprenderei nunca. pelo menos já sei algo valioso: é impossível me desligar da saudade porque é impossível me desligar da memória. É impossível se desligar daquilo que se amou.
tudo sempre estará sempre junto conosco. sempre teremos tanto o desejo de refazer o bom da vida como o de esquecer e destruir a lembrança do mau. apagar as maldades que cometemos, desfazer a recordação das pessoas que nos prejudicaram, remover as tristezas e as épocas de infelicidade.
é totalmente humano, então, ser um nostálgico, e a única solução é aprender a conviver com a saudade. talvez, para a nossa sorte, a saudade possa transformar-se, de algo depressivo e triste, numa pequena chispa para o novo, para entregar-nos a outro amor, a outra cidade, a outro tempo, que talvez seja melhor ou pior, não importa, mas que será diferente. e isso é o que todos procuramos todo dia: não desperdiçar em solidão a nossa vida, encontrar alguém, nos entregar um pouco, evitar a rotina, desfrutar de nossa fatia de festa.
eu ainda estava assim. tirando todas essas conclusões. a loucura me rondava e eu fugia dela. tinha sido demais em muito pouco tempo para uma pessoa só..."

pedro juan gutierrez - trilogia suja de havana

quinta-feira, novembro 23, 2006

entre oito anos (onde todas as veias se encontram)

Pensei naquele momento que não poderia dar certo. A placa do fusca não tinha minha letra inicial, a parede pintada de amarelo, diarios e mais diarios guardados - assinados por ela - sem o meu nome em nenhuma folha. Carreguei isso por alguns dias que passaram numa facilidade, como achar copo d´agua cheio na época de chuva. Uma sensação de não pertencer, de ódio do passado dela, passado por ela, sem mim.

Oito anos se foram e pensei naquele momento que poderia ser feliz. Numa quarta-feira de cinzas, quando todas as cores se esconderam. Eu, sumido sem querer, me achei no banco branco, na esquina mais escura do bairro partido de corações ansiosos. Sem ansiolítico por opção, deitei na faixa amarela estatelada no meio da rua, mordi o ultimo pedaço do doce e fiquei.

O dia amanheceu, olho fechadinho, eu ainda nem acordei.

quinta-feira, setembro 21, 2006















Em esquinas, portas com fechaduras redondas, janelas copiadas de revista. No metrô que risca embaixo do chão, no cheiro de passagens aéreas, bem afixado no guichê da rodoviaria. Há uma febre no chão da estrada, na pauta do dia de quem vai ou fica, nas linhas que a chuva desenha pra dolorir quem sabe o durante, com certeza o depois.
Coração tão febril que esfria as mãos, troca as palavras na boca, faz gaguejar e salga os olhos justo naquela hora.

Quando o onibus parte, o avião encosta em outro lugar e a estrada silencia sobra uns trechos infinitos de querer.

e em tudo que nao está mais ali resta a vontade de encontrar dos olhos.